Páginas

.
.
.
.
.

domingo, 14 de dezembro de 2008

das coincidências

Treze de Dezembro de Dois Mil e Oito.


Ritual de início de férias: arrumar o quarto-sede para receber todas as coisas que passam o semestre todo - e no caso de 2008, um ano inteiro - no quarto-quadrado. E como foi um ano agitado para o quarto-sede (que foi mais filial que sede), abrigando pessoas e mini-mudanças, a bagunça era muito maior que a costumeira.

Hora de dar um limpa no guarda roupa, abrir mão de algumas coisas, se desapegar, mesmo. OK, essa parte é difícil, mas ainda é fácil. Trocar lugares, achar espaço para todos os porta retratos empilhados na cama-que-virou-depósito. Nota mental: Cobrar da faxineira uma parcela do pagamento dessa semana. Metade do serviço dela já foi feito.

Olhar para as 23 caixas (número aproximado) espalhadas em cantos aleatórios (nem tão cantos e nem tão aleatórios) do quarto, pensar: "por que diabos eu gosto tanto de caixas?" e resolver que vai encher algumas delas com coisas atualmente desalojadas. Todos os cabos e elementos plúguicos computadorísticos vão para a caixa grande da Converse. Se faltar espaço, usa-se a média. Papéis variados, caixas da Sonhart.

"Aaaah... tem aquela. A caixa guardada na última gaveta do lado direito do guarda roupa. Tirar de lá. Não. Deixar lá. Tirar. É, tirar. Assim desocupo uma gaveta e ocupo uma caixa ociosa. Além de quebrar umas tradições-tabus-manias bobas."
Abre a gaveta, tira a caixa com as duas mãos, ainda que uma só fosse suficiente. Deposita a caixa na cama-que-não-é-mais-depósito, abre a tampa. Trinta e sete segundos olhando lá dentro: envelopes, papéis soltos, flores secas, umas coisas teoricamente sem valor, mas bastante representativas, um guardanapo todo riscado. Resiste à tentação de se sentar, usando a parede como encosto, e ler tudo aquilo outra vez, pra tentar captar algo, qualquer detalhe que tivesse perdido nas 19 primeiras vezes que leu.
Mas o guardanapo...curiosidade, mesmo. Não se lembrava do que estava escrito nele. Pega. Sorri. Lembra-se do programa-de-índio-em-família em que o guardanapo foi riscado. Bonequinho, careta, versinho, jogo-da-velha. Engraçadinho, mas não entendeu a razão de tê-lo guardado. Dobrou o papel nas marcas de dobras antigas e viu uma flor desenhada, com uma data ao lado: 13-12-02.
Exatamente seis anos antes. Aaah, as coincidências.
E isso trouxe à memória um outro dezembro, de um outro ano par.
Melhor parar. Saudade, nostalgia e uma pontinha de tristeza combinavam com a manhã nublada, cinza, e com seu espírito. Mas não com a música feliz e animadinha que começou a tocar.


dizem que algumas partes desse texto são reais.
não tenho conhecimento disso.

4 comentários:

Anônimo disse...

Se te consola, também tenho um ultra apego a caixas, variados tamanhos e formas, principalmente as da sonhart, também cheias de guardanapos e derivados e não derivados (que eu resumi em: tranqueiras).

E é um risco comum que a gente corre a cada faxina.
(Minha mãe precisa ouvir esse argumento, haha!)


P.s: Não se retraia,tangerine. (À la menudos, não se reprima, pode gritar!)

Lupe Leal disse...

que história!!

Cachorro de 3 pernas disse...

Essa época é só pra nostalgia. Perdi meu voo no dia 11/12/05 e também no dia 11/12/08... lugares diferentes, épocas totalmente diferentes, mas essa coincidência me faz lembrar tudo que poderia ter mudado se eu tivesse chegado lá um dia antes e se eu já estivesse em Belém hj ao invés de estar jogando sinuca e vendo um grupo de ex-amigos me apontando e provavelmente esperando que eu fosse cumprimenta-los. Comentário quase tão grande quanto um post. :P

Joyce Pfrimer disse...

quando eu faço faxina, eu sempre pego as caixas onde guardo os papéis importantes da minha vida, releio todas as cartas, bilhetinhos e documentos, dps guardo, tiro as roupas do guarda roupa e experimento as que eu nao uso a tempos, dps gurado e com sapato a mesma coisa...eu demoro dias fazendo isso...