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quinta-feira, 30 de setembro de 2010

das privadas que a gente acha no caminho



Deixa eu contar uma historinha pra vocês.
Vai, Cláudia, senta lá.

Eu estava em Buenos Aires, aquela terra linda, cheia de bebida barata, doce de leite e cabajo de piedra, com um casal de amigos. Deveríamos ser pelo menos 4 pessoas, mas nêgo é foda, deu pra trás, daí ficamos o casal e eu. Não era, assiiiim, um problemão, porque eles meio que se conheceram no chão do meu quarto, então tava tudo em casa.
Os senhores sabem o quão sortuda eu sou e que nunca havia ganhado nada em sorteio, além de um pote de puro mel de abelha europa, quando tinha 9 ou 10 anos [eu tinha 9 ou 10 anos, não o mel]. Nessa viagem o mundo deu um devorteio e eu fiquei sortuda por 15 dias. Ganhei dois sorteio na escola de espanhol em que eu e  Jarleo estudávamos. Um me dava 5 drinks grátis no pub X e o outro, 5 entradas grátis para o Niceto Club, onde algum tempo depois a Black Drawing Chalks tocaria, mas isso ainda era segredo para nós, reles mortais. A moça da escola falou pra eu levar TODOH LOH MIOH AMIGOH, o que me dava um tarefa. Éramos 3 viajantes, uma arhentina amiga e isso somam 4 pessoas. Eu precisava arrumar outro amigo! Pensei na mocinha austríaca, ainda meio perdida no local, que faza aulas de espanhol comigo. Chamamo-na. A compreensão dela a respeito desse convite não vem ao caso.
Durante a tarde, as andanças de sempre, talvez algum museu, não me recordo com clareza. Mas me lembro do sanduíche que comemos no iniciozinho da noite.
Num boteco escuro e legal, perto do tal Niceto, começamos a jornada. A tequila custava 6 pesos, pouco mais de 3 reais e, oi? eu não bebo cerveja, né. A vida é bonita, a música era boa, tava dando a hora limite pra entrar e nada da nova amiga austríaca chegar. Fui procurar um orelhão, não encontrava e pedi informação a duas mocinhas aleatórias, que, não só me disseram que era peligroso andar por ali sozinha àquela hora, como me emprestaram um celular. 
A amiga chegou, entramos todos juntos, unidos numa só estrangeirice e depois de algum tempo nos separamos. Digo: nos separamos todos. Eu me achei passando mal no banheiro, com uma ânsia de vômito fantárdiga. Sentei-me numa escada que me pareceu apropriada. Não era. O rapaz simpático que trabalhava no lugar me perguntou se eu estava bem e se eu me importaria de sentar num lugar que ele apontou - pra mim era uma mureta perto da escada. Nunca saberemos. Algum tempo depois [notem o uso do pronome indefinido] um outro rapaz, também funcionário da casa veio perguntar se eu me sentia bem, ao que respondi com toda clareza que a náusea permitia:
_No hablo errpañol.
Ele começou a falar comigo em inglês. Quer dizer. 
Bom, o inglês é sempre fluente o depois de beber qualquer coisa e conversamos longamente [mentira] sobre o fato de meus amigos estarem em algum lugar por aí e o porteiro ter dito que eu teria que pagar outra entrada, caso quisesse sair e voltar. Oi, não paguei nem a primeira?
Gentilmente o bróder deu uma comida de rabo bronca no porteiro e disse que eu poderia voltar na hora em que eu bem entendesse tomou papudo. 
Fui lá pra fora e se seguiu uma seqüência de mudanças de lugar. Dormi sentada na calçada [mas com a bolsa dentro do meu casaco, devidamente fechado, que eu não sou boba, não!], várias pessoas  me perguntaram se eu precisava de algo, ganhei um abraço e um beijo - na bochecha, calma lá! -  de uma moça que tinha certeza de que eu não estava bem, fiquei em pé ao lado da portaria, achando que me aguentaria e posteriormente retornei ao ponto inicial: porta da boate, sentada no canteirinho, perto do meio fio. 
Um cidadão se sentou ao meu lado e puxou papo - em espanhol, claro. Eu simplesmente acenava com a cabeça e  dizia coisas como "Si, como no?" e "Claro, claro", que pareceram suficientes para estabelecer um diálogo.

[outra música, pra ter trilha pro post todo]
 

Pétalla, Silvina e Jarleo me acharam e começaram a bronca:
_Onde você foi?
_A gente achou que algum argentino rico e maluco te levou pra área vip e te sequestrou!
_Por que hiciste esto, Mayra? Donde estabas? 
[mas foi tudo junto e ninguém respeitou a vez do outro pra falar]
Eu, mui sinceramente emocionada, só conseguia repetir que estava feliz por eles me encontrarem, que eu não queria estragar a noite deles, então vim passar mal aqui fora. Depois fiquei sabendo que eles ficaram mais de uma hora me procurando lá dentro. Ou seja.
Pararam um táxi e, quando o Jarleo delicadamente me direcionava para dentro do carro, parei, voltei aonde estava antes, dei dois tapinhas nas costas do cara que estava falando comigo - embora a recíproca nem fosse verdadeira-  e disse "Tchau, amigo!", momento em que o corazón perdeu a delicadeza e me jogou no carro de uma vez. Eu nunca o chamei de amigo, vou chamar um zé qualquer?

Bom, isso aí não foi a história. Foi o preâmbulo.
Descemos do táxi e as pessoas sóbrias foram entrando em casa.
Eu parei.
Nêgo me mandou entrar. 
Eu fiquei. 
_Gente, diz que tem mais alguém vendo uma privada na porta do nosso prédio.
_Mayra, cê tá bê... gente! É verdade!
_Agora tira uma foto que amanhã cês vão ficar falando que só eu vi isso e que nunca existiu uma privada ensangüentada ao lado de um chuveiro na porta do prédio!

A foto foi tirada e minha sanidade, atestada. 





Lembrei disso porque observei uma coisa hoje quando chegava em casa: está no meu destino me deparar com vasos sanitários em locais inusitados? Porque havia outra privada na porta de outra casa!




Devo me preocupar? o.O






A quem interessar possa: não, não vomitei. Quando chegamos em casa, eu quis preparar uma sopa dessas de caneca, tipo Vono, antes de dormir e as meninas discutiam que providência tomar em relação a mim. Larguei a caneca, bebi um pouco de água e fui dormir. Vestindo ainda a calça jeans, mas plácida feito um bebê. 








9 comentários:

Letícia disse...

Menina, por um momento eu quase pensei que o tal vaso sanitário aleatório era na porta da boate e que vc tinha se dado conta de que esteve sentada nele um tempo, HAHAHAHA.
Amei a história, e o fato de conter frases en español só ajudam pra ser ainda mais incrível. :)

Tati disse...

Olha, vai que é tendência essa coisa do vaso na porta da casa? Sem contar que é muito mais útil, como no?

Amei o post. Não some do blog não! :)

Lê disse...

Estava sentindo falta das suas histórias!
Um dia (acho que meio alterada tbm) fui perseguida por bicicletas sem rodas, mas vasos sanitários... =O
fez bem em tirar fotos, para que ninguém duvide depois - como foi meu caso!
;)

Cris disse...

HAHAHAHAHA adorei a história. Assim que chegar ao Rio, fica de olho nas ruas, quem sabe vasos aparecem!
bjs

Joyce Pfrimer disse...

Aiiii não me lembra do José que eu choooro!!!

arghhhhh!!!!

Unknown disse...

Gente! HAHAHAHAHAHA!
Tipos, estou intrigada...
1: Por que raios a privada argentina estava ensanguentada? Seria mesmo sangue?
2: NINGUEM teve curiosidade de abrir a privada pra saber o que tinha dentro? Pergunto isso prq eu seria a primeira a querer saber o tinha la dentro. rsrs
3: Percebeu que as privadas são iguais? #medo

So digo uma coisa, to rindo mto! HAHAHAHA!

Bjoooos! ;)

quase disse...

Mentira que vc chegou e deitou na sua cama com roupa da rua!

=O

Giu disse...

HAUAHUAHUAHU, gente, to super atrasada no seu blog, só agora li esse post, mas que bizarro!!! E oh, to orgulhosa de vc por não ter gorfado, porque eu já passei ultra mal com bem menos tequilas, hauhauahua!

@sourainha disse...

amo gente bêbada