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sexta-feira, 21 de novembro de 2008

das coisas que só o transporte público faz por você


Brasília tem um problema
seriíssimo: o transporte público. É uma verdadeira merda.
Pois estava eu no fim da Asa Sul, na W3, querendo pegar o fabuloso "grande circular", que me deixaria no meio da Asa Norte, na L2 (se você conhece Brasília, sabe que é um caminhozinho longo a se percorrer. Especialmente de ônibus, que não corta caminhos e não atravessa eixos). Teoricamente é um ônibus fácil, que passa várias vezes por hora, nos dois lados da pista, o que facilitaria ainda mais a vida das pessoas. Como independentemente de fazer W3 sul - W3 norte -L2 norte ou finalzinho da W3 sul - L2 sul - L2 norte, o tempo gasto seria o mesmo, ficou na pista que faria o segundo caminho. Vendo que em meia hora passaram 3 no lado oposto ao que ela estava, enquanto do "seu lado" não passava nada, atravessou a avenida. Nunca mais passou um grande circular. Mas passou uma zebrinha que pulava a W3 norte e ia direto para a L2 norte. Deve-se observar que depois de aproximadamente 45 minutos de espera, seu humor já estava azedíssimo e já dizem por aí que ela parece mau humorada quando só não está sorrindo paras paredes.
Entrou.
Entrou e se sentou na janela, no lado oposto ao motorista, como de hábito. Pouco tempo depois entrou um casal com uma menininha, bochechuda como a protagonista fora (passado?) na infância, e a mocinha a distraiu por uns momentos. A despeito da bebê bonitinha, ela notou entrando no ônibus uma caricatura. Era um homem de aproximadamente 1,7 7 de altura, com a cara redonda (assim como o resto do corpo de pêra), cabelo muito liso, de um castanho-aloirado interessante e um bigode quase farto, que acompanhava com exatidão o tom mais claro do cabelo cortado em cuia. Vestia uma calça jeans e uma blusa, que ela identificou como sendo uma lã de baixa qualidade, preta com umas coisas pseudo-geométricas cor de rosa. Quase um rosa-maravilha. Parecia um menino de 7 anos de idade que cresceu no tamanho. E tinha a mesma expressão na cara. Esse cidadão sentou-se à esquerda de Maria (é, esse é o nome da protagonista), uma fileira à frente. Entretida que estava com a garotinha que brincava e fazia gracinhas ao seu lado, Maria não deu mais atenção ao homem-caricatura.
Assim que vagou um lugar ao lado do marido, a mãe da coisinha fofa foi sentar-se com ele. E o cara-mais-estranho-do-ônibus pulou (quando eu digo pulou, entendam como pular, mesmo. daquele jeito que se faz quando se quer irritar o irmão, ou aparecer para os amigos) para o banco onde Mayra Maria estava sentada. Ela se assustou um pouco, mas continuou olhando para fora - e pensando "por que diabos esse cara veio sentar do meu lado, se o ônibus tá vazio? Se o banco dele agora está vazio??". Isso deve ter sido no fim da W3 sul.
Em algum momento da viagem, ela observa que o homem-caricatura passou o braço por cima do encosto, como que a abraçando. "Ai, meudeusdocéu!" Mais ou menos na altura da 4, na L2 norte, ela (aqui vale falar da agonia completa e total que Maria tem a toque de estranhos. especialmente se eles forem estranhos) sente um dedo gelado encostando em seu braço. Maria se vira e dá de cara com um sorriso até bem sincero do homem-caricatura, que diz:
_Me empresta dois reais?
Pausa.
Dá pra imaginar o susto, ? O dela veio misturado a mau humor. E deve ter feito sua resposta demorar uns 30 segundos:
_hhhmmm... não?
_Eu vou ali na UnB, sabe? É pra eu voltar e...
_Amigão, eu não tenho dois reais.
_Não tem, ? Tudo bem... *ainda simpático*

Ela voltou a olhar pra fora, mas agora passando nervosamente o dedo na alça da bolsa que estava em seu colo. Pensava em descer antes, mas tinha tanto peso a levar e não estava usando tênis, ia machucar seu pé e...
_*coisa não compreendida*
Ela olha e lá está ele com o mesmo sorriso über simpático no rosto:
_Então, tchau.
Maria levanta a mão que apoiava seu queixo e acena.
O cara-mais-estranho-do-ônibus desce e Maria, aliviada, salta duas paradas depois.


Ela morreu de rir contando essa história. Mas jura que vai comprar um boneco para colocar ao seu lado tda vez que tiver que pegar um ônibus.


4 comentários:

Anônimo disse...

Caracas, essa Maria parece ser moh chata e anti-social, credo!

Lembre-se de nunca me apresenta-la, faz favor! ;)

=D

;*

Cachorro de 3 pernas disse...

Eu sabia essa com maçãs :)

Joyce Pfrimer disse...

Parece história de Joycia! hehe!
medo!

carmim disse...

bizarro. mas depois eu comento no particular sobre isso...