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sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

das grosserias generalizadas



Na sala de aula, querendo sair da bagunça e da conversa, cheguei minha carteira pra frente. Assim que me sentei, ouvi o seguinte [as lacunas representam palavras que eu não entendi, até porque não estava exatamente prestando atenção à conversa]:
_ Essa semana eu _____.  Daí ela foi super ___ É aquela ali.
E aponta o dedo pra mim.

Eu vi quem fez o comentário, sei do que ela falava e não posso considerar uma calúnia. 
Hoje eu reparei como tá certa a teoria dos cheiros que eu desenvolvi [oi, fui eu mesmo. Se mais alguém falou disso, foi uma descoberta paralela e eu não sabia dela. beijos]. Para melhor compreensão, vejamos o que aconteceu. 
Na segunda feira, tivemos aula numa outra sala, por motivos nobres. Sentei-me num lado da sala em que não costumo ficar - porque sou o Sheldom, com mais peito e menos inteligência - e quando o coleguinha perguntou quem quereria cópia do material a ser usado na aula do dia, pedi que fizesse uma pra mim. Vale mencionar aqui que a zona e o barulho de todos os dias me irritam profundamente e nesse dia teve um efeitinho mais chato: trouxe a enxaqueca junto.

Moçoila chega atrasada, arrasta ruidosamente uma carteira e a coloca atrás de mim. Ela derruba minha bolsa, chuta minha água, balança minha cadeira e CUTUCA MINHA COSTELA. Todo mundo sabe que isso não é algo que se faça a um desconhecido. Pacientemente me virei e tirei a dúvida que ela tinha.
Vinte minutos depois, quando chegam os materiais, sou cutucada novamente. Uma vez que eu conversava com outra pessoa, sequer dei atenção. Francamente. 
Não satisfeita, e provavelmente desconhecendo as expressões "com licença"e "por favor", ela bateu na minha carteira para me chamar. Quando eu me viro, ela solta, com cara de impaciência:
_Me vende seu material.
Minha resposta, nem um pouco polida foi:
_Não?

Vejam bem, não gosto de ser grosseira com as pessoas e sempre que isso acontece rola um arrependimentobem incômodo. Me virei novamente e disse que só tinha aquele, que seria usado na aula e, portanto, eu não poderia vendê-lo.
Ela fez cara de quem estava sentindo cheiro de ... fezes.

Quando eu vi que o rapaz que gentilmente fez as cópias tinha uma sobrando, pedi que a vendesse para a moça e senti franco desejo de pedir desculpas a ela, que provavelmente não vê problema em pessoas enfiando o dedo entre suas costelas. O fato é que só recebi olhares de desprezo e toda a minha vontade de falar com a mocinha se foi como um cavalo que levou um chute nas costelas. [Que? Ideia fixa com costelas? Jamais!]

Daí eu lembrei da minha própria teoria, que afirma veementemente que cada pessoa deixa ao redor de si um cheiro. Cheiro esse que fica, independentemente da vontade de quem o exala. É claro que cada um pode controlar o cheiro pelo qual quer ser reconhecido e lembrado. A despeito disso, às vezes a gente deixa cheiro de fossa e nenhum perfuma importado muda isso.
Essa menina, provavelmente, nunca mais vai querer conversar comigo e, mesmo que ela se esqueça da segunda passada, vai sempre achar que meu cheiro é ruim. E nunca vai considerar que a minha atitude não foi a esperada simplesmente porque ela invadiu um espaço a que ela não tinha direito. Nunca vai imaginar que o que eu tive foi uma reação a coisas que me incomodam. 
Daí eu penso num outro ponto: as pessoas, às vezes, têm o cheiro que nós damos a elas.




Mayra, também conhecida como Congeminemos, Conge, Moyra Gigante dos Oceanos Gelados da Groenlândia e outros apelidos absurdos, basicamente cozinha, reclama e congemina. Bloga no blog, twitta no Twitter e tumbla no Tumblr de mesmo nome, porque é confortável ter um username só. Também se sente bem estranha falando de si na terceira pessoa, uma coisa meio Pelé.

Um comentário:

Luciana Betenson disse...

Hahahahahahaaa! Eu ri. E adorei a teoria dos cheiros. Concordo totalmente com ela. Só não concordo com este negócio de 'mais peitos que inteligência', porque né, dá pra ver que não é verdade
:-D