Era uma vez uma pessoa que amava São Paulo.
Essa pessoa ia lá de vez em quando, mas sempre muito rápido, nunca com tempo suficiente pra fazer o que queria. Essa pessoa não andava muito satisfeita em sua própria cidade, então resolveu juntar razões e desculpas esfarrapadas para passar uns dias em São Paulo. Ela foi.
Essa pessoa sou eu, tá?
Bom, eu fui, mas antes de ir passei uma noite em Brasília e tem gente que vai reclamar da rasgação de seda, mas matei duas puta saudades nas horinhas que passei lá - recebi visita no aeroporto, sou linda, um beijos. Falo mesmo.
Cheguei a São Paulo e fui recebida com tanto amor, com tanto presente foda, com tanto cuidado, que em 3 minutos me sentia em casa e a conversa rendeu aproximadamente 12 horas, lindo assim. De CD com muuitos anos de idade a feijões mágicos e camiseta foda, me senti a mais amada so Sudeste. ♥
Fiz várias das coisas que me propus a fazer, embora tenha ferrado meus horários ao ponto de acordar às 22:00 num dia [talvez tenha sido essa inversão e a falta de sol que tenham feito um respingo de alho ferir meu rosto hoje, contudo, essa é uma teoria controversa]. Encontrei algumas pessoas queridas, recebi visita, me desencontrei de outras, mas aí rola de bancar o Vinicius e fazer poesia com isso, né? Não, porque apesar dos pesares, não sou poeta, nem sei rimar. By the way, Tati, Alesqui, Paula e Lilian, amor eterno, amor verdadeiro. [Tô citando só essas, porque foi com elas que passei mais tempo. Cês se sabem, não preciso ficar gritando, certo? Certo.]
Dormi. Dormi muito, profunda e maravilhosamente, como se as coisas que me tiram o sono aqui não existissem lá. Não existem, aparentemente. Passei lá o dia mais melancólico do ano e sobrevivi a ele, como sempre.
Nesse tempo eu topei vampiro Eric no metrô, vejam bem. Se não é essa cidade uma matrioshka de homem lindo, eu não sei o que é. Além disso tive a oportunidade de observar com situações interessantes, embora bem retardadas e coisa de quinta série, mas, OI, a vida é uma grande quinta série e a tia nunca chama atenção das crianças. O mundo tá perdido e eu quero mais é que 2012 venha logo, pra acabar essa bagaça.
Enquanto a bagaça não acaba, fiz contatos sensacionais, comi a melhor pizza de alcachofras do Oeste, conheci pessoas lindas, que eu quero ter sempre comigo, comi o gnocchi mais fantástico do universo inteiro - e provavelmente de outros universos também, preciso checar -, fui a uma ~ balada ~ [onde me perguntaram se eu era a REDIÚDE, já que estava usando uma capa vermelha], passeei na 25 de Março e no mercadão, onde quase me perdi nas barracas de frutas e temperos, além de ter comprado pra minha mãe uma geléia que vai ficar linda como enfeite, já que ninguém consegue abrí-la. Gravei um vídeo pro Belezhnik, comi horrores e houve até uma maratona de 12 horas de mastigação. Foi lindo, meusa. Voltei meio inchada, mas claro que é efeito das mais de 12 horas de ônibus.
Ônibus, sim.
Porque a vida, essa caixinha de surpresas, deixou toda a merda que pode acontecer numa viagem para o fim desta. Vou contar a parte que interessa a vocês, já que jantar com pessoas agradáveis, rir loucamente e cozinhar não rendem postOOOOH, WAIT!
Mas, tá, vamos de estranhezas mesmo.
Ônibus, sim.
Porque a vida, essa caixinha de surpresas, deixou toda a merda que pode acontecer numa viagem para o fim desta. Vou contar a parte que interessa a vocês, já que jantar com pessoas agradáveis, rir loucamente e cozinhar não rendem postOOOOH, WAIT!
Mas, tá, vamos de estranhezas mesmo.
Vejamos: eu sempre adoeço antes e, em caso de viagens com mais de 5 dias, durante as viagens, e até o que seria o último dia desta viagem, eu não tive um só problema de saúde - a não ser que se conte uma chateaçãozinha na garganta, curada com própolis e chá quentinho.
[alerta de drama, palavras de baixo calão e caps lock a seguir!]
Pois bem, eu viria embora na quarta feira à tarde. Na terça tive um POBREMINHA que me deixou com a náusea de sete cruzeiros em mar agitado, a cabeça pesada como se houvesse uma tonelada de pedras DENTRO dela, a pressão baixa de um jejum de 20 horas e a boca amarga de quem comeu um cacho de jurubebas. Eu estava bem alimentada e o dia estava com uma temperatura deliciosa, só pra constar. Cheguei em casa me arrastando, deitei, fui devidamente tratada com chá e medicamentos e dormi um sono de gente doente até a manhã do dia seguinte, quando acordei bizarramente bem disposta e agradecendo pelo boldo alcançado.
Fiz a entrega que precisava fazer, comprei uma plantinha pra minha anfitriã, fui alfinetada, não tomei conhecimento, preparei o almoço, comemos. Terminei de fechar a mala mais pesada da cidade e me dirigi ao aeroporto com mais de duas horas de antecedência, porque sou dessas.
Cheguei lá, linda e cansada de puxar aquela mala, apresentei-me no check-in e ouvi a notícia deliciosa: a senhora veio para o aeroporto errado, senhora. BANG! As trezentas e dezoito vezes que conferi a reserva não foram suficientes para me fazer perceber que eu deveria ir para Guarulhos, não para Congonhas. O primeiro pensamento que me ocorreu? PUTAQUEPARIU! O segundo? FODEU TUDO! O terceiro foi que eu deveria tentar descobrir uma solução. O rapaz da companhia aérea me atendeu pronta e eficientemente. Fez bem mais que a obrigação dele me levando até a área onde eu conseguiria um ônibus que fizesse o traslado entre os aeroportos, calculou o tempo e sugeriu que eu pegasse um taxi, já que esse tinha mais chance de chegar a tempo, mas custaria até quatro vezes mais caro.
Levando em consideração que eu pretendia voltar para casa, peguei um taxi e pedi pra ele VOAR pra Congonhas.
Não sei se por sacanagem do cretino ou por falta de sorte e ziquizira, cheguei lá dez minutos depois de encerrado o check-in. E eu só pensava na caralhada quantidade de dinheiro que entreguei na mão do taxista. Bueno, voltei pra casa [da Li, hehe] e fui olhar com calma preços razoáveis de passagens, mas claro que não tinha, né? Né.
Resolvi comprar passagem de ônibus, mesmo. Sairia mais barato e, com a paulada de Dramins que eu tomaria, nem veria nada. Beleza, a passagem foi comprada na rodoviária de Anápolis e eu só precisaria me apresentar no mguichê, com documento de identidade, meia hora antes do horário previsto para o ônibus sair. Escaldada que estava, chamei um taxi e fui para a rodoviária pronta para esperar aproximadamente uma hora por lá. Muito que bem, o taxista disse que deveríamos demorar 30 minutos, já queo trânsito estava bom, só que ele falou antes do que deveria e já estávamos no carro havia 50 minutos, com carros parados e, quando o cidadão foi sair com o carro, a embreagem não respondia.
PESADELO.
O motorista desceu do carro [e eu de olho no taxímetro, que estava rodando e já marcava 50 pilas], abriu o capô e ficou puxando cabinhos, enquanto eu, à beira do desespero, pensava que isso não poderia estar acontecendo comigo, que era uma puta falta de sacanagem e via tanto o pedal da embreagem quanto o câmbio se moverem de acordo com os puxões do motora. Ele me informou que iria até o ponto de taxi mais próximo pedir que alguém terminasse a corrida pra mim. Largou capô e porta abertos e eu lá, olhando os carros passarem e dizendo, primeiro mentalmente e depois em voz alta, com a mão na cara e balançando o corpo pra frente e pra trás, que aquilo era um pesadelo, era isso, só podia ser um pesadelo e eu precisava acordar, pra não perder um avião e um ônibus em menos de uma semana. Na minha cabeça ele demorou meia hora, mas no relógio devem ter sido, talvez, cinco minutos. Voltou e me disse que o pessoal do ponto de taxi não ia liberar ninguém pra me levar à rodoviária, porque estava perto demais e o trânsito, cagado demais.
Perguntei um "E AGORA?" exasperado e ele me disse que um taxista que havia deixado uma moça ali na porta do metrô faria a gentileza de terminar a corrida pra mim. Fui entregar a ele o dinheiro da corrida e ele recusou.
_A senhora paga a corrida pra ele, ele que vai te deixar na rodoviária.
_Mas o senhor rodou até aqui, oras.
_Não, não, paga pra ele.
O santo chegou, passou minhas malas para o carro e seguiu para a rodoviária me contando que a outra passageira dele deveria estar lá às 19:30, então preferiu pegar o metrô, pra garantir. Essa informação me deixou bem inquieta, porque era o horário em que eu pretendia estar lá também, mas me lembrei que eu tinha uma folga, então estava de boa. Chegamos, ao invés dos muitos reais, paguei apenas dez, comecei a pensar que, no fim, saí no lucro. Fui até o guichê da empresa, disse que precisava retirar uma passagem e dei meu nome. Enquanto eu tirava a identidade de dentro da carteira, PI-PO-COU uma camisinha [ganhada na Semana do Tradutor, em São José do Rio Preto, nos idos de 2008] na bancada do rapaz. Tive nem tempo de ficar vermelha, porque ele já me informava que não havia nenhuma passagem para aquele dia, ou mesmo naquela empresa, com o meu nome.
NÃAAAAAAAAAAAAO! - eu gritei mentalmente, enquanto soletrava mais uma vez e escaniava a tela do computador procurando desesperadamente um m-a-y. Depois de uns minutinhos de tortura e uns risinhos nervosos meus, ele encontrou, me entregou o papel, me disse onde eu deveria pegar o ônibus.
Achei bonito que houvesse uma Casa do Pão de Queijo bem em frente ao ~ meu ~ box, onde eu poderia comer e vigiar psicoticamente o letreiro brilhante que informava que realmente sairia dali a minha condução.
Antes de embarcar ainda houve um inusitado. Bom, para fins didáticos: a plataforma de embarque é separada do "resto" da rodoviária por uma divisória de vidro - ou acrílico, whatever. Cada box tinha duas portas, eu achei engraçado que se passasse a bagagem para um cara por uma porta e se entrasse por outra, então perguntei a um cidadão perto de mim se era assim mesmo que funcionava. Ele me olhou com a cara mais estranha do mundo e me explicou que sim, que a bagagem vai no bagageiro, embaixo do ônibus e a gente vai por cima, por aquela portinha ali no lado, ó.
Consegui sair de São Paulo, não que eu realmente quisesse, mas existe uma ~ vida ~ a ser tocada aqui, não é mesmo?
Consegui sair de São Paulo, não que eu realmente quisesse, mas existe uma ~ vida ~ a ser tocada aqui, não é mesmo?
Dizaí. Cagada de urubu, hein?
Mas volto lá loguinho, só pra-- pra nada, não. Só porque eu amo São Paulo. ;)