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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

das coisas sem nome



Não é novidade, pelo menos pra ela, as paragens onde seu pensamento gosta de andar, mas é mistério o caminho que ele toma para chegar a determinados lugares. Essa semana uma frase solta a fez passar o dia cantarolando a música feita por um amigo bastante querido. Boa parte do mundo sabe que a maior frustração da vida dela é ter um ouvidinho de merda e nenhuma habilidade musical além da de escolher músicas. Pois bem, a música em questão é quase como se fosse uma sobrinha, porque eu a viu nascer, e participou do batizado da gravação. 
Foi uma época meio estranha em sua vida e de mudança na vida de muitas das pessoas que a rodeavam. Algumas se mudaram, outras voltaram, umas terminaram relacionamentos, outras começaram e ela ali, também passando por mudanças, mas sentindo-se no olho calmo do furacão, observando as coisas de um ponto relativamente confortável, sem se envolver verdadeiramente com coisa alguma.
Esse período trouxe algumas pessoas que lhe são muito caras e algumas experiências bonitas - tão bonitas quanto estranhas e inusitadas, na verdade. Trouxe uma visão nova sobre o silêncio, esse que aparentemente virou seu melhor amigo, trouxe piadas novas, companhias novas, comidas novas e até vontades novas.
Mas me perco, como frequentemente acontece. 
Por motivos variados - que não são os óbvios -, o amor, em formas bastante variadas, anda perpassando muitos dos seus pensamentos. Só sei que foi levada a isso pela tal música. 
Lembra-se de que era um domingo à tarde, que precisava voltar para a vida normal e que usava bata branca, calça jeans e All Star. Lembra que recebeu uma ligação perguntando se queria "dar uma mão" numa gravação e que dois queridos, além do querido que ligou, estariam lá. Um querido furou, mas logo se aprendeu que com ele é assim mesmo e, de forma quase incrível, essa, que era uma característica bastante irritante, tornou-se, nele, uma graça. Ela acabou ajudando no backing vocal da música. Bom, lembra-se de estar lá, lembra-se de cantar, no entanto nunca, nunquinha mesmo, conseguiu ouvir a própria voz na música. Seu parceiro de microfone diz que não consegue ouvir a dele. Surdez seletiva, essa amiga inseparável.

A música tornou-se ainda mais interessante pra ela por saber exatamente sobre o que se canta em determinadas partes. E porque em outras estava tão enganada, que quase não acreditou que pudesse errar tanto numa interpretação.

Você se pergunta por que raios isso?
Não sabe.
Foi uma daquelas de estar arrumando a cama e precisar sentar pra escrever.
Acha que é porque essa é uma música de amor. De amor romântico, que ainda é parte dessa onda toda que rodeia a gente vez por outra. 

Vai saber?
Mudar a visão, entender algumas coisas e concordar veementemente que

Saudade é uma casa com vista pro mar.