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quarta-feira, 5 de outubro de 2011

dos livros sonoros



Por certa [muita] influência da Lilian, essa linda, e por conta deste post da Tati, outra linda, aliados à falta de espaço na bolsa [mentira, né, gente? Falta de coluna pra carregar pra cima e pra baixo livro de mais de 800 páginas] resolvi baixar uns audiobooks pra ver ouvir de qual que é. Baixei uma caralhada um monte, porque eu sou dessas, baixo tudo e, se não curtir, deleto, que a internerds taí pra isso e a lixeira do computador também. Aceitei o desafio.


Sempre quis usar esse meme, mas não me desafiam com muita frequência.




Dentre os que baixei estão The Brazilian Cat e A Study In Scarlet, do Conan Doyle, Os Três Mosqueteiros, do Dumas e ganhei um do Neil Gaiman lendo contos dele mesmo. Todos em inglês, porque tenho sentido falta de ouvir a língua, que tem uma sonoridade tão gostosa no meu ouvido. Além disso não tenho mais com quem treinar, já que só tenho dado aulas de inglês esporadicamente, então ouvir meio que não me deixa enferrujar.
BUENO, baixei, passei para o meu reprodutor portátil de áudio e comecei a ouvir na faculdade, enquanto preparava a bancada para a aula prática. Sentei-me numa mesa - ahãm, em cima dela. Não tinha cadeira, sentei na mesa, sou fina, um beijos -, fiquei olhando pro céu e ouvindo aquele sotaque britânico no meu ouvidinho. Fui, a propósito, acusada de paixonite, porque olhava para o nada e sorria de vez em quando [entendam, por favor, que personagens familiares são processados pelo meu cérebro como pessoas conhecidas, portanto ler ouvir a primeira ~ aventura ~ do bróder Sherlock foi quase como ouvir a mãe da Joyce contando alguma história da infância da minha, da sua, da nossa ruivinha favorita].

Tive que pausar o conto (?) quando a aula começou, mas retomei quando cheguei em casa e fui para a cozinha fazer não-me-lembro-o-quê. A cozinha é uma parte interessante da minha casa vida: passo muitas horas nela e geralmente só. A bem da verdade, é comum eu fugir para a cozinha quando quero ficar sozinha. A bem da outra verdade, não é raro eu me queimar, cortar ou provocar algum acidente, se tenho companhia, já que a atenção não está focada apenas na comida e na música [e, eventualmente, nos passinhos de dança que a acompanham]. Ir para a cozinha ouvindo A Study in Scarlet resolveria um problema que me tira o sossego há anos e se resume na difícil escolha entre continuar uma história interessante [porque eu curto mesmo narrações] e continuar engordando a mim e ao próximo com amor, cuidado e comidas comíveis. Além disso, evito fazer trabalhos braçais sem uma trilha sonora, porque sem uma letra de música - ou melodia - que ocupe meu cérebro, os pensamentos gritam muito alto, conjunção astral que nos traz uma equação chatinha pra resolver. Quer dizer... Traz pra mim, né? 
Pois é.
Daí eu fui lá com o Conan Doyle e vou dizer a vossas senhorias que estou positivamente surpresa com o esquema. Ele ocupa minha cabeça oca com algo produtivo enquanto meus braços também estão produtivos! Gente, eu sou uma pessoa que assiste a filmes fazendo tricô pra otimizar a vida. Não serve pra todas as horas, mas eu meio que fui criada nesse esquema e internalizei muito bem. 
Refletindo sobre as vantagens de ouvir a história ao invés de lê-la reparei num fato histórico: eu era a feliz dona e poprietária de uma fabulosa coleção de discos de historinhas. Eram long plays coloridos e me recordo com exatidão que o da Dona Baratinha [♫ que tem fiiita no cabelo e dinheeeiro na caixiiinha ♫] era verde!
tiops isso.
Temos aí uma virada. Eu, que julgava ser leitora desde criancinha, descobri que já fui uma ouvidora ouvinte frequente de histórias. A grande diferença é que eram sempre, como bem colocou a Tadsh em discussão prévia, audições paradas, deitada no chão da sala de casa, enquanto as atuais se dão na faculdade, na rua, na chuva na fazenda ou numa casinha de sapê.
Até o presente momento estou mui contenta com os tais audiobooks, embora eu tenha parado o Estudo Em Vermelho por um motivo bizarro: a entonação da pessoa que lê o sétimo e o oitavo capítulos. É uma coisa tão absuuurda, porque ela lê toodas as frases assiiiim, me tira a atençãao e eu não consigo focaar na históooria e fico rindo feito uma retardaaaada e perco o fio da meaaaada. 
Sério. É desse tipo aí. 
Pretendo ler esses dois capítulos perdidos pela moçoila que não sabe ler direeeeito e depois voltar ao áudio. Nesse ínterim fui ouvir o Gaiman e sobre este tenho não um lição, que quem dá lição memo é deus, mas dica, uma coisinha: quem entender inglês e gostar qualquer tantinho do autor, OUÇA-O lendo seus próprios textos. Ele não só tem uma voz bem gostosa de se ouvir, como sabe exatamente que entonação cada parte tem que ter, sem precisar adivinhar o que o autor queria. É muito, muito bom! [Agradecimentos ao Leandro, que gentilmente me enviou os arquivos e fez de mim uma pessoa mais feliz.]

Não tenho intenção de abandonar os livros-livros, mas em alguns meses minha próxima tentativa será um e-reader. Vamos acompanhar a modernização da pessoa.

Baixei alguns arquivos daqui e daqui. :)