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quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

da única dificuldade em ser [quase] balzaca



Os trinta anos estão se aproximando. Embora ninguém me chame de balzaca e hoje mesmo tenham duvidado que eu tivesse mais de 26 [obrigada, moço da loja, você foi muito gentil], a pressão começou. Curiosamente, ela vem de fora, não de dentro da família.
Por duas vezes essa semana eu tive que encarar expressões de espanto/desprezo/piedade ao dizer que não pretendo ter filhos. Ambas as vezes, as expressões foram acompanhadas de tentativas de me fazer mudar de ideia e explicações para por que eu me sinto assim agora.
_Mais pra frente você vai pensar e vai querer um filho.
_Mas eu pensei e foi por isso mesmo que eu decidi não tê-los.
Ou, de forma mais polida, gentil e elegante:
_Não, não pretendo ter filhos.
_Você não quer ter filhos? QUE MUHER SECA!

Essa segunda pessoa é uma que já me viu com meu sobrinho, e, se tendo me visto completamente derretida por um bebê ela me acha seca, quem sou eu pra discordar, né?

O meu incômodo vem do desconforto que causa uma pessoa fora do padrão. A falta de respeito e a intromissão. Há aproximadamente dois meses a mesma pessoa insiste toda semana que eu preciso engravidar e eu sequer posso dar a resposta adequada, porque ela mexe com agulhas enfiadas na minha cara, veja bem. Ela decidiu, inclusive, que vai me arrumar um namorado. Encomendei um que goste de música clássica, jazz, rock e moda de viola, goste de ler, saiba escrever, curta humor britânico, mas ria de bobagens, que seja divertido, bonito, não seja machista, goste de criança, aprecie culinária, não fale "eco" pra comida e que me aguente.

Quero só ver.