Não que seja assunto proibido, mas raramente falo. A saudade, ou ainda, a frustração geralmente me embotam a voz e eu fico feito idiota tentando disfarçar. Sem contar que as pessoas geralmente se incomodam.
Dá vontade de escrever uma carta e deixar lá, mas a idiotice desse ato me parece absurda e quase sinto vergonha dela, assim que finalizo o pensamento. Primeiro porque não deve ter muito mais de você no local. Depois que esse resto não leria, ao contrário de eventuais curiosos que ou chorariam ou fariam troça do que escrevi - e aqui penso que teria sido lucro aprender aqueles tempos verbais bizarros apresentados no Guia do Mochileiro. Seriam úteis agora.
Tenho um pouco de receio de ser injusta quando falo de você, sabe? Ora, eu não tive tempo suficiente para tirar conclusões próprias, embasadas na minha opinião e ao mesmo tempo em que isso me incomoda, me consola: e se eu não gostasse de você? E se tivéssemos problemas, se as coisas fossem tão difíceis quanto eu imagino que seriam? Nesse caso todas as fatalidades teriam servido pra me ensinar um monte de coisas e evitar outras tantas. É isso, mesmo?Me lembro bem de umas risadas, de um beijo na bochecha imediatamente seguido de uma mordida, de apelidos carinhosos e de uma única bronca. Uma, só. Injusta, é verdade, mas você não sabia disso e mesmo criança eu tinha essa consciência "Só tá dizendo isso, porque não sabe como foi de verdade." E agora me ocorre que isso é meio estranho. Uma criança deveria simplesmente ficar triste nessa situação. Olha o desajuste.Não sei bem o quanto de você eu guardei, mas gosto de pensar que sobrou, sim, alguma coisa.
Não deu tempo de dizer eu te amo do jeito que tem que ser , mas devo ter dito isso com toda a sinceridade que os poucos anos de vida garantiam. Acho que nem um feliz aniversário decente eu pude te falar.Aceita hoje?Feliz aniversário.
quinta-feira, 8 de julho de 2010
das cartas que nunca serão enviadas
congeminado por
.a que congemina
por volta de
05:17:00
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2 comentários:
Gostei muito. Citado lá no liquidificador.
Sensível.
Ele sabe.
=*
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