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sexta-feira, 28 de agosto de 2009

del corazón



Tem tempo que quero falar sobre ele, mas morro de medo de as minhas palavras não fazerem jus ao que ele é. Aí hoje é aniversário e tal, mas minha [in]habilidade continua a mesma, então vou usar palavras dele:


Trecho

A forma que ela me olhou foi de tal discrição que chegou a ser escandalosa. O jeito que ela me olhava tinha uma certa naturalidade que não cai bem a mulheres como ela. Mulheres como ela não olham com naturalidade, olham como se ao mesmo tempo em que vissem, deixassem de ver. Como se esquecessem antes de saber.

E quando ela virou aquele corredor e a parede impediu que nos víssemos por mais alguns segundos, eu tive a completa certeza de que ali, eu a havia perdido pra sempre. Mas ela não sabe disso, não saberá. Ser abandonado é uma dor solitária. Não porque alguém te deixou, e sim pela sensação de que amanhã, ou depois, esse alguém voltará. Nada mais solitário que estar sempre prestes a estar acompanhado.



Cordis

O acaso em mim nunca teve morada. Eu sempre soube de cor o que dizer e o que ouvir.
E quando aquele moço veio me dizer pra eu seguir de olhos fechados, eu não entendi e disse que assim eu me perdia. Ele se riu todo e disse que era bobagem minha, que esse caminho eu já sabia todo, antes mesmo de nascer. Eu tentei dizer que tinha memória fraca, ele falou que não era uma questão de lembrança, mas de intuição. Eu argumentei que de adivinhação eu era ainda pior, só que ele falou que intuir é prestar atenção em algo que a gente já sabe. Eu falei pra ele ir um pouco comigo, pra me dar a mão. Ele respondeu que não. E disse que quando a gente é bebê, a gente aprende a equilibrar o peso do corpo num passo atrás do outro, mas que andar sozinho é coisa que a gente só aprende mais velho e sem ninguém ensinar, nem segurar a mão. Nessa hora eu não soube o que dizer e ele num quis dizer mais nada não. E ficamos calados como se o silêncio é que nos tivesse feito e não o contrário.



Feliz vida, Corazón!
Te desejo milhares de caixinhas de Tic Tac de laranja.



E uma coisa que acho desnecessária pertinente dizer:
Nem tudo que escrevo aqui são histórias acontecidas comigo. Algumas, sim. Essas geralmente se apresentam com uma grande primeira pessoa do singular. As outras podem ser coisas que aconteceram com algum amigo, ou ainda, podem ter sido inventadas, para exercitar minha criatividade. (Explicação que me rendeu um "Sua mentirosa!" outro dia.) Ou exorcizar meus demônios.
Mas é isso. É tudo culpa do meu eu-lírico.
Obrigada pela atenção. ;)

5 comentários:

Daniela Campelo disse...

=)
que doce!

Joyce Pfrimer disse...

ah! parabéns pro seu Corazón!
eu gosto tanto dele!
=)

Anônimo disse...

er abandonado é uma dor solitária. Não porque alguém te deixou, e sim pela sensação de que amanhã, ou depois, esse alguém voltará.

q lindo isso!

parabens!!!

\o/

Franciele Schaefer disse...

Rélou!

Sabe, essa última observação é um tanto óbvia, pena que nem todos a compreendam. Escrever nem sempre é relatar fatos. Um blog, em sua maioria, não é um jornal informativo. Temos o direito de escrever o que quisermos, e ainda assim, verdade será. Afinal o que conta aqui é a nossa imaginação, não é?

Gostei do teu blog! Estou seguindo!
Visita o meu e dá uma orbitada por lá :D

orbitacronica.blogspot.com

Beijo!

Tati disse...

Não conhecia esse escritor. Fui no link e adorei os outros textos dele.

E disse que quando a gente é bebê, a gente aprende a equilibrar o peso do corpo num passo atrás do outro, mas que andar sozinho é coisa que a gente só aprende mais velho e sem ninguém ensinar, nem segurar a mão.

Tão doce, como disseram ali. :o~~~~