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sexta-feira, 8 de abril de 2011

dos rancores


Embrulhava cada rancor em papel celofane e guardava na gaveta destinada especialmente a eles. Era tão automático que parecia um sonâmbulo fazendo o serviço. Não queria fazer nada com eles. Nem mesmo queria guardá-los, a vontade real era de jogá-los fora, no mar, de preferência, onde se afundariam, bolas de chumbo que eram, e nunca mais o acordariam à noite. Nunca mais o peito pesado e a respiração alta, marcada, de quem levou um susto muito grande. Teria paz de espírito e o banho voltaria a ser momento de relaxar o corpo, porque a mente perturbada não mais o impediria. Pensava isso e amarrava cada música, palavra, roupa, cada rancorzinho com muito cuidado para que soubesse onde encontrá-los depois. 



Gostaria que este não fosse um post autobiográfico. 

2 comentários:

Fabiana disse...

CARALHO. Puta merda, xuxu.

Joyce Pfrimer disse...

Melhor esquecer onde os guardou!

=*