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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

dos pensamentos





Acompanha-me desde sei lá quando o hábito de escrever. 
Escrever para fugir, para imaginar possibilidades novas, para relatar, para passar o tempo,  mas a função principal da escrita ao longo da  minha vida é colocar as ideias em ordem. Escrever serve ainda para direcionar pensamentos, espremer seu suco, gastá-los, consumí-los, assim eles abrem espaço aos outros que querem chegar ou crescer.
Tenho feito isso desde menina, primeiro com diários, agendas, cadernos comprados só para os "escritos" [houve até época em que tentei poesias, que, definitivamente, não são o meu forte], folhas soltas no fichário e, no auge das merda tudo, até em etiqueta adesiva de marcador de tempo do CESPE. Esse costume foi reforçado quando entrei na faculdade, já que parte da nota de uma disciplina era um conjunto de textos, no mínimo 15, se não me falha a memória, sobre absolutamente qualquer coisa. O trabalho veio muito a calhar, já que foi uma época de mudanças e uma dose sensacional de confusão, as observações tanto me ajudavam a entender quanto me distraíam, quando eram sobre coisas que eu via na rua, ou reclamava do comportamento de alguém.
Reforcei aí o hábito e algum tempo depois, por culpa de dois amigos [briguem com eles] fiz o Conge, exatamente a continuação daquela disciplina da universidade, agora pra um monte de gente olhar. Muito do que escrevo nem vem parar aqui, não tem a função "social", continua tendo, no entanto, o papel de me ajudar na ingrata [mentira] tarefa de compreender a mim mesma, a vida, o universo e tudo mais.

Aprendi, nessa brincadeira, que é interessante tratar pensamentos como roupas: devem ser lavados, bem enxaguados, ganhar um pouquinho de amaciante na última água, pra não ficarem duros depois de secos - flexibilidade é importante. Precisam também ser passados, dobrados e guardados nos cabides e gavetas corretos. Nesse momento a gente descobre umas ideias que encolheram, não servem mais; outras que estão muito gastas, precisam ser substituídas; algumas tão desbotadas e puídas, mas das quais não abrimos mão; as que a gente só usa em casa, ou só em festa; aquelas que a gente nem lembrava que tinha e fica feliz por reencontrar, as que foram presente  de alguém querido. Com tudo ordenado é mais fácil saber e providenciar o que tá faltando.

É o tipo de trabalho que pode ser bem demorado.