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sábado, 20 de fevereiro de 2010

do silêncio II




Ela disse que o amava, com todo o sentimento que conseguia, que se impulsionava, que parecia pegar um caminho direto entre o estômago e a boca. "Praticamente um vômito de sentimentos", pensou depois.
Ele, como acontecia com frequência, pareceu não acreditar. Não que duvidasse da capacidade do amor dela, mas por duvidar um pouco que merecesse a dedicação que ela lhe propunha.
Era assim. 
Ela duvidava que ele a quisesse apenas, o que a fazia procurar outros braços pra se aninhar, enquanto ele pensava na quantidade de homens que a queriam e ambos elevavam esses números a potências estratosféricas e ambos sentiam-se mal. E ambos sofriam calados e chamavam a isso tudo de agruras do amor, achavam bonito e dolorido na mesma proporção.
E um dia se cansaram.
Um não falou para o outro o que sentia e foram se afastando.
Ela tinha certeza de que a essa altura ele já estava com pelo menos umas três morenas no pé.
Ele jurava que todos aqueles caras com quem ela conversava - e sempre fora de ter amigos, e não amigas - queriam era comê-la.
Doeu nos dois.
Os dois pensaram que era melhor assim, separados, para o outro ficar melhor.
Morreram sozinhos, procurando no futuro o que parecia só lhes servir no passado. Na saudade.










**Música do meu queridíssimo Jarleo [página dele no trama virtual linkada na frase aqui em cima, ó], que deu a mim e ao Rodrigo a oportunidade de realizar um dos meus sonhos de adolescência: ser backing vocal por pelo menos um dia - ou uma canção [mesmo que eu mesma não me escute na música]. Rodrigo nem precisava dessa canja, porque já é artista também.**

2 comentários:

Cris disse...

Por que é tão difícil realizar um caso de amor? Quantas estórias de silêncio não se repetem todos os dias? Lindo post

Joyce Pfrimer disse...

que linda essa música do jarleo! nunca tinha ouvido...

e seu texto lindíssimo...

o texto e a musica juntos até doeu o coração! não podem fazer isso comigo!

=*